segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A menina brilhante




                                                                  A menina que  brilhava

 Mariazinha andava para cima e para baixo com seu celular de última geração e seus sete anos de pura sapequice. E, no seu quarto pintado de lilás, os brinquedos dormiam entediados. O ursinho de pelúcia dormia o tempo todo e, quando acordava, via a Mariazinha de olho no aparelho brilhante. Sim, o celular tinha luz própria. E o ursinho Teco se queixava para a boneca esquecida no canto da poltrona. As dezenas de Barbies escondidas na sacola ouviram a conversa:

     - Mariana, que raio é aquilo que a Mariazinha brinca o tempo todo?

     - Não sei , Teco. E como brilha , né? E faz um ruídos esquisitos.

    As bonecas Barbies suspiraram em uníssono:

     - Pois é...Mariazinha largada na cama com seu brinquedo brilhante. E, nós, aqui apagados e esquecidos.

     Um super herói pequeno pulou da cômoda para o chão e protestou:

      - Mariazinha se esqueceu de nós e vamos protestar, Teco. A bagunça começou no quarto da menina. As bonecas Barbie saíram da sacola. Os brinquedos de pelúcia rolaram no chão. Era o mundo de fantasia que Mariazinha não participava mais. O carrinho colorido apitou uma música. E a linda menina concentrada no aparelho brilhante.

      Quando ia para à escola, o celular ficava na mochila. Quando se deitava não largava dele.

     O celular brilhava e os brinquedos estavam tristes.

     - Não somos como aquele brinquedo que brilha e fala.- resmungou Teco.

     - Eu sou a Barbie e não podemos esmorecer. - afirmou a Barbie.

     As outras Barbies concordaram. A boneca de pano se queixou:



     - Faz muito tempo que a Mariazinha não brinca com a gente! Só por causa desse brinquedo chato e metido à besta.

    E todos os brinquedos concordaram e uma revolução começou no quarto da menina.

     Teco disse:

    - É porque não brilhamos.

    A coelhinha de pelúcia resmungou:

   - Mariazinha brilhava quando brincava com a  gente.

   Os travesseiros murmuraram entediados:

   - Ela se esqueceu da guerra de travesseiros.

   E, enquanto a menina brincava silenciosa com seu celular brilhante os brinquedos conversavam entre si.

   Uma fada vestida de rosa chegou no quarto com sua varinha mágica. Todos os brinquedos gritaram:

  -Mariazinha se esqueceu de nós! Faça alguma coisa!

  A fada agitou a varinha e todos os brinquedos começaram a brilhar. Em contrapartida agitou a varinha no celular da menina. E ele se apagou !

   Mariazinha deu um gritinho:

  - Mãe, corre aqui! Meu celular morreu!

  A mãe  correu pro quarto da filhinha. O aparelho estava escuro e inerte.

 - É....o que será que aconteceu? Esses aparelhos são assim mesmo. Vou levar para o conserto. Está na garantia !- a mulher pegou o aparelho e saiu do quarto. Maria chorou copiosamente. E, quando olhou em volta do quarto, viu novamente todos os seus brinquedos. Eles brilhavam como se estivessem cheios de purpurina. Saltitavam e faziam graça. De repente, a menina também ficou brilhante.

  Teco afirmou solene:

- Seja novamente bem vinda ao mundo brilhante da fantasia!

- Ué, vocês estavam tão murchos espalhados pelo quarto.- ela fez um muxoxo.

- Vamos brincar de Barbie?- convidou a Barbie princesa.

- Vamos brincar de cozinhar?- perguntou a panelinha rosa.

 Mariazinha se levantou da cama e reclamou:

- Quero meu celular!

E, quando Maria pediu o celular a fada apareceu novamente e com seu toque mágico apagou a luz de todos os brinquedos. Apagou a luz da menina.



E o mundo da menina ficou triste e sem brilho até que ela correu para a rua para brincar de esconde esconde. Brincar na areia, no escorregador e correr com as amiguinhas.




 Tomar lanche com os pais. Rir sem motivo. Desenhar o por do sol. Molhar os pés no lago. Brincar no escorregador. Pular até cansar.



  Olhar no espelho e fazer trancinhas mágicas. Fazer rabo de cavalo. Amarrar laços e elásticos coloridos. Falar oi olhando no olho dos amiguinhos.



   E, depois do banho, quando foi para o quarto ele se iluminou todo.

  E os brinquedos brilhantes jogaram purpurina na linda Mariazinha:

- Seja bem vinda ao mundo da fantasia,Mariazinha!

- Vocês voltaram?- perguntou a menina batendo palmas.



- Foi você que voltou , menina brilhante!- afirmou a linda ursinha de pelúcia.

No dia seguinte, o celular voltou para o mundo da Mariazinha. E os brinquedos à espreita.
Mariazinha ficou alegre, mas nem tanto.

  E o apresentou o aparelho brilhante ao mundo de brinquedos do seu quarto:

- Esse é um celular! Posso tirar uma selfie com vocês?





 E todos os brinquedos se perfilaram para fazer pose!


Dedico esse conto a todas as crianças do mundo todo! 

Conto  de Sandra Cecília e Giúlia


Direitos reservados. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

Um presente especial



 

  Eu nunca tive uma boneca de pano em minha infância, mas sempre  gostei dessas bonecas, porque tem uma energia especial. As tildas são especiais.

 Enquanto abria seu presente Giúlia dava seus palpites. Achava que era um par de botas, sapatilha, enfim, mas não falou em boneca. Acho que eu brinquei com bonecas até meus doze anos. Brincar de  casinha mesmo, de mamãe e filhinha.

 Há muito tempo que não vejo a Giúlia brincar de boneca. De repente, ela vem com uma boneca e remexe no seu baú atrás de panelinhas e trecos. 

 No mais, seu mundo agora é o microcomputador, mas estive observando os joguinhos. Eles facilitam a criatividade e a imaginação.

 Giúlia gosta de brincar na rua e junto com suas amiguinhas brincam de pega pega, boneca e casinha. Aí, respiro aliviada.

 As crianças estão amadurecendo muito rápido. Muitas vão para creche e maternal ainda quando são bebês. 

 Isso é ruim? É bom?

  Observe o seu filhinho, neto ou sobrinho.Apesar das inovações cibernéticas ele ainda brinca? Tem amiguinhos ou pratica esportes?

  O caminho do meio é sempre o razoável.

  Brincar para criança é saúde mental!

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Psicologia da vovó moderna resolve?



Hora de dormir
     

            Quando a gente fica mais experiente...Não vou falar “mais velha”;) começa a lembrar do passado com nostalgia. Lembro-me que a hora de dormir era sagrada. Era assim:

          – Hora de dormir!” -avisava meu pai com voz firme. Ou minha mãe.

           
      - Bença, pai, bença, mãe!- eu me despedia. Simples assim. Não tinha exceção à regra, programa de televisão, nada... Hora de dormir era hora de dormir. Meus pais nunca souberam, mas eu ia dormir com a propaganda do cobertor Parayba na cabeça. Imaginava um ursinho de pelúcia como uma companhia durante o sono. O ursinho nunca veio. Meus pais podiam comprar, mas nunca souberam que eu gostaria de ter um urso de pelúcia. Ganhava bonecas, o tal do João Bobo, etc... Mas um urso de pelúcia não fazia parte da minha brinquedoteca.

          Agora, a hora de dormir infantil é mais flexível; diferente, aliás, muito diferente. A hora do banho da minha infância era a hora do banho. Nem mais. Nem menos. Sem desculpas. Tomar banho ou tomar banho na hora certa.
        
         Meu filho foi trabalhar e a Giúlia, minha netinha, ficou sob meus cuidados e, também, do meu filho do meio, Otávio. Giúlia e o Otávio se dão muito bem. Giúlia passou quase a tarde toda brincando na rua com as amiguinhas.

         No final da tarde, ela entrou e eu “entrei” com a psicologia da vovó:

         - Giúlia, agora é hora do banho! Depois, o lanche.- ela olhou pra mim e decidiu:

      - Primeiro o lanche, vó!-decidiu. Comeu seu lanche tranquilamente enquanto eu esperava o momento de atacar com minha psicologia de mil novecentos e bolinhas.
 
         - Giúlia, hora de tomar banho, porque depois ficará mais frio e  poderá se resfriar...ou pegar uma gripe. E terá que tomar remédio... blá, blá, blá. – é óbvio que esse tipo de convite ao banho não teve nada de psicológico. Minha neta estava atenta à televisão. Suspirei. Paciência de Jó! Uma hora depois:

       - Giúlia, hora de tomar banho!- ela olhou para mim e voltou os olhos para o televisor. Depois, comentou sem desviar o olhar da televisão:

      - Vó, agora, é o FERIADÃO DO SBT. Já assisti esse filme! Eu adoro...Vó, depois do filme, ta?- se fosse no passado meus pais agiriam assim. Desligariam a televisão imediatamente e lançariam aquele olhar de poder. E eu correria para o banheiro.
 
     Eu estava com preguiça de ficar repetindo a mesma coisa. E, com mais preguiça ainda de ficar brava. Sem disposição nenhuma de assistir uma birra. Era o momento exato para testar meu “poder de avó psicóloga. Assisti ao filme enquanto a Giúlia ria e comentava cada cena. O filme terminou. Recomecei minha ladainha:

   - Giúlia, hora do banho...Está mais frio e depois... Blá, blá, blá, bla.- minha netinha olhou para mim e afirmou categórica:

 - Vó! Depois, tá? Agora, começou o filme das “Visões da Raven” no SBT. Você já assistiu? Ela tem visões, mas dá tudo errado!- dei um longo suspiro. E, também, assisti as visões da Raven. E, assim, começou a novela Carrossel... E sempre o depois. Um depois eterno. Meu poder de avó psicóloga estava sendo testado. Cruelmente sendo testado. Afirmei para mim mesma que minha neta não dormiria sem banho!( aliás, ela está tentando ler tudo o que eu estou escrevendo)

  Giúlia assistiu aos filmes e, depois, foi para o computador. Gosta de desenhar e fazer joguinhos no computador. Precisava voltar ao assunto do banho:

  - Giúlia, está na hora de tomar banho. Aliás, já passou da hora do seu banho.- Giúlia estava com o fone de ouvido. Olhou pra mim e afirmou:

 - Vó, não estou ouvindo nada!- safou-se bem, não? Meia hora se passou e eu pensando numa técnica poderosa de fazer com que minha netinha de seis anos tomasse banho antes de dormir. Ou pelo menos antes do pai dela chegar. Sem birra e chantagens emocionais.

  Aproximei-me lentamente do micro e fui bem direta:

  - Giúlia, seu pai vai chegar tarde. E, se ele resolver que você deve tomar banho a uma da madrugada? Você está me enrolando e uma dia vou enrolar você também. Não vou mais repetir! Tem que tomar banho e pronto! É a última vez que estou repetindo isso!

  Voltei ao meu quarto. Cinco minutos depois ela veio correndo:

  - Vó, vou tomar meu banho! Você me ajuda?

 Ufa! Funcionou!

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crianças escoladas


  Hoje, foi um dia cheio de emoção pra Giúlia. Estava ansiosa desde ontem e comentava sobre a chegada da mãe. Fazia  tempo que ela não a via.

  Quando eu tinha consultório psicológico e atendia crianças observava o seguinte: como as crianças modernas estão mais adaptáveis e escoladas.

  Giúlia pega tudo no ar com sua agilidade mesclada à curiosidade infantil.

  Minha mãe foi criada sem a presença da minha avó e passou um período muito triste em sua vida. Ela sempre me contava sobre os momentos de tristeza e solidão. Ela se sentia muito sozinha e guardava pedacinhos de unha da minha avó porque assim se sentia mais perto dela. Minha avó morava na capital e precisava trabalhar, mas sempre que podia estava com minha mãe. Minha mãe foi criada por minha tia avó.

  Giúlia não mora com sua mãe. No entanto, parece tirar de letra essa situação. É uma menina alegre e cheia de vida!

  Hoje, ela contou que iria para a casa da avó materna e passaria o domingo com sua mãe. Eu vi como seus olhinhos brilharam de pura satisfação. A festinha do dia das mães da escola foi hoje à tarde. Sua mãe não pôde comparecer, porque mora em outra cidade. Eu sempre me emociono em festas infantis. Observo como as mães se aglomeram com suas máquinas fotográficas mescladas de corujice. 

 Quem diria que eu estaria na festa do dia das Mães da minha netinha. O pãe( Júlio- o pai) também foi. Sentamos nas últimas fileiras. Olhei para o palco e a vi. Ela se levantou como se quisesse se certificar que estaríamos presentes.

Quando chegou em casa deu o presente pra mim. Falei sem graça:

" - Leva para sua mãe!"

Giúlia entregou com um sorrisinho:

"- Esse é para você! Fiz um cartão para minha mãe!"- e seus olhos brilharam. E os meus também!

Imagino como ela vai ter um domingo inesquecível. Saudade da mãe dói e se dói no coraçãozinho dela não demonstra.

As crianças estão mais escoladas. Muitas vivem em duas casas. Tem duas mães. Ou então dois pais. Ou mesmo são criadas pelos tios. Ou mesmo moram em abrigos.

Essa diversidade familiar dá a elas uma desenvoltura e maturidade precoce.

A criança e a educação devem ser prioridade de um governo! Criança triste e amarga pode ser o bandido do futuro! Criança que sofre violência doméstica pode ser o depressivo do futuro. No entanto, as crianças escoladas fazem do limão uma limonada e crescem fortes. São como  uma rocha. Ultrapassam os obstáculos e conseguem vencer na vida mesmo sem um lar ou carinho da mãe. É uma vitória merecida! 

A noite chegou; a mochila da Giúlia estava prontinha. Ela foi toda alegre e saltitante encontrar seu domingo que, certamente estará ensolarado e mágico!

Um lindo dia das Mães!

Um lindo domingo para as vovós que são mães dos seus netinhos! 

Um lindo domingo para os pães!