terça-feira, 3 de maio de 2011

ESCOLA E A CRIANÇA


Assistindo a entrevista do educador Rubem Alves pela TV Cultura fiquei maravilhada com suas reflexões. E,também, com a interpretação dada sobre a "grade curricular." Realmente, quando eu era criança jamais entendi, porque tinha que aprender dígrafo. O que certos conceitos batidos, chatos, tinham a ver com a rotina do dia a dia. E como podiam fazer parte da nossa vida. Mas como mesmo afirmou Rubem Alves: "Porque faz parte da grade curricular."
"E que as escolas passassem a levar a sério não somente a grade curricular mas as tragédias que tem ocorrido."- foi mais ou menos assim que Rubem Alves se manifestou no final da entrevista no programa "Provoca".
E, lembrando das minhas pequenas grandes alegrias do dia a dia, me lembrei hoje quando levei minha netinha de quatro anos na escola e ela parou perto do canteiro do portão. E me disse:
"- Vou levar uma flor para a professora Cássia."
Ela chegou da escola alegrinha como sempre, mas não perguntei como reagiu a professora Cássia quando recebeu o presentinho da flor.
Eu sempre me lembro dos meus professores. Os iguais- esqueci quase completamente, mas os diferentes, os mais humanos, os mais cruéis( jardim de infância até à faculdade) ainda se infileiram na minha imaginação. Deixaram grandes lições, mas os mais criativos e humanos- são os apaixonantes, aqueles que amam educar, amam as crianças.
E me vem a lembrança a frase do Professor Raimundo( Chico Anísio) que terminava sua aula escolar global afirmando:
"E o salário ... " e fazia um gesto mostrando o baixo salário de um professor.
Giúlia , minha netinha , e tantas crianças desse país terão na escola,as lições de vida. Serão marcantes.
Observo que ela gosta da escola e da professora. Sempre manifesta desejo de ir , de ver as amiguinhas. Eu, preocupada com o tal do bullyng,pergunto sempre como foi o seu dia escolar. Como foi o lanche, as lições, as brincadeiras. Um dia, ela me perguntou:
"-Vó,por que sempre me pergunta como foi a escola?"Respondo que gosto de saber do seu dia a dia. E ela conta que brincou, dividiu o lanche com os coleguinhas. Respiro aliviada porque percebo no seu olhar vivacidade e alegria.
As escolas precisam agregar uma nova matéria que seria interessante e muito útil:
"família, amizade, amor". Uma matéria que tratasse exatamente do dia a dia da criança.
E os professores precisariam ser mais criativos.
Tive uma professora de Educação Moral que era a formalidade em pessoa. Sua voz não tinha ritmo e nem emoção. A lousa tinha vontade de correr dela quando a professora chegava à sala de aula. Eram pontos e mais pontos.. e nosso lápis corria o papel com medo de não dar tempo. Se ficou na minha cabeça algo que aprendi com essa professora? Sei lá...
Mas alguns professores marcaram pela rigidez, pela chatice, pela dureza de coração. Isso dói...isso é bulling também. Já vi uma professora (no primário) que colocou um aluno sentado na lata de lixo. Isso marcou minha infância. Jamais me esqueci.
Mas também me lembro de um professor da faculdade que procurava extrair o melhor dos alunos. Era exigente, mas também era humano. Suas aulas passavam rápido e tinham gosto de quero mais..
Deve ser difícil dar aulas para criança.. mas ao mesmo tempo apaixonante...
Criança é o futuro da humanidade...
Criança tem que ter na grade curricular: amor, cidadania, respeito, e tantas coisas que faltam ainda na grade curricular.
E relembrei que, jamais levei uma flor pra minha professora, mas sempre tive vontade... Faltou coragem.. a tal da timidez...
Giúlia levou uma flor...
A florzinha que representava o quanto essa professora lecionava com o coração!

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